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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Senhora da Soledade

Escultura de vulto em madeira dourada e policromada do Século XVIII

  • Dimensões: 80 x 40 x 28 cm
  • N.º Inventário: 0095

Integrada, tal como a Piedade e a Senhora das Dores, nas representações da Mater Dolorosa, a Senhora da Soledade costuma apresentar-se isolada com uma espada cravada no peito, distinguindo-se assim claramente da Senhora das Dores, que é exibida com sete espadas, representativas todas elas das várias dores por que passou, que correspondem a outros tantos episódios angustiantes da vida de Cristo. Em oposição, a espada da Senhora da Soledade evoca a agonia da Virgem já depois da morte de Jesus Cristo, quando, entre a consumação da Paixão e o dia da Ressurreição, Maria encontra-se só na sua habitação temporária, uma capela em frente ao Calvário, absorta na vida e morte de Jesus. Foram os peregrinos devotos que, depois de visitarem esta capela ("Estação de Maria") no périplo pelos lugares santos, transmitiram ao Ocidente, no regresso, a ideia da desolação de Maria. Este tema não teve a expansão universal que, por exemplo, a Pietà conheceu, merecendo, todavia, uma representação profusa e abundante na Península Ibérica.

O cronista do convento de Santo António usa para esta imagem a invocação de Senhora das Dores, mas alude, na sua descrição, a elementos iconográficos próprios da Senhora da Soledade: "A imagem da Senhora das Dores a mandou fazer sendo aqui guardião o P. Fr. Paulo de S. Bento Pregador pelos anos de 1743, e a colocou no altar colateral da parte do evangelho consagrado ao glorioso Santo António. He de escultura em madeira, e terá quatro palmos de altura, e tem o peito penetrado com huma espada, symbolo das suas dores, e de todo o povo he venerada com grande devoção." A peça consta do inventário realizado em 1909, ocupando nessa altura a posição central num altar denominado pelos inventariantes de Nossa Senhora da Soledade, no interior da capela do fundador do convento.

A Virgem é representada de pé, com rosto de feições dóceis, olhar angustiado, tenuamente descido, manifestando, na sua solidão, um sofrimento interiorizado e silencioso, que combina com a postura dos braços cruzados sobre o peito, no qual está cravada uma cruz. O manto e a túnica apresentam uma cor esverdeada de tonalidade idêntica e são abordados com grande esplendor a nível do douramento. As pregas fundas da túnica, de grande plasticidade, onde se insinua o pé esquerdo, revelam o labor de um mestre na arte de esculpir.