Passar para o Conteúdo Principal Top

museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Senhora com o Menino

Escultura de vulto em madeira dourada e policromada do Século XVII

  • Dimensões: 57 x 36 x 16cm
  • N.º Inventário: 0042

O tema da Virgem em majestade, entronizada, com o Menino Jesus ao colo, é dos tipos iconográficos marianos mais antigos. O impulso trazido pelo Concílio de Éfeso, em 431, ao proclamar Maria como Mãe de Deus (Theotokos), na sequência da condenação da heresia nestoriana, teve efeitos imediatos no campo da arte. O território sob domínio de Bizâncio divulgou esta maneira de figurar a Virgem através dos mais diversos suportes. Os frescos, os mosaicos e os ícones jogavam com uma representação deveras estilizada da Virgem, destacando-se o hieratismo da figura, conveniente para mostrar Maria como trono da majestade de Cristo, a sede da sabedoria divina.

A representação passou ao ocidente cristão na época românica, quer na imaginária em sentido estrito, quer na escultura arquitetónica integrada, caso dos tímpanos nos pórticos das igrejas e dos capitéis nas colunatas e arcadas claustrais. Manteve-se o carácter rígido na representação, figurando a Virgem em posição estritamente frontal, coroada, com o Menino em idêntica postura, também coroado e exibindo outras insígnias régias. Com o fluir dos séculos, e perdida a significação dogmática e teológica original, a representação adquiriu tons mais realistas e acabou por se transformar num pretexto para a formulação de modelos mais familiares, que caminhavam em convergência com o sentimento popular.

O exemplar que aqui se documenta fotograficamente inscreve-se já nesta linha. A despeito da posição frontal da Mãe e do Filho, que vinca sempre um certo distanciamento, nota-se uma carga emotiva nos semblantes de ambos, evidenciada até pelo seu tratamento mais ingénuo e popular, que acaba por aproximá-las do observador. A amputação de um dos braços da Virgem e o aparente desaparecimento de um elemento da mão esquerda do Menino inviabilizam outras considerações concernentes à iconografia.