Flauta | Aerofone de Aresta

A Flauta é considerada, na maioria dos casos, um instrumento de sopro de utilização individual, normalmente associado ao pastoreio - ofício solitário que obriga o pastor a permanecer no monte por largas horas a guardar o seu rebanho. No entanto, também está presente em certos conjuntos, tais como os Zés-Pereiras, assumindo aqui um caráter mais festivo, juntamente com a gaita de foles.

Em Portugal, é possível encontrar dois tipos fundamentais de flautas – de bisel e travessas ou transversais. A flauta de bisel é, em regra, tocada com a mão direita, apresentando uma amplitude normal de sete notas. Mede aproximadamente 40 cm de comprimento, podendo, todavia, variar consoante a região. O mesmo acontece com os furos no corpo, exibindo pelo menos três, dois na face superior e um na inferior, tocando-se apenas com os três dedos maiores da mão. Os materiais utilizados no seu fabrico são usualmente o freixo, o buxo ou a cana.

Por sua vez, a flauta travessa ou transversal toca-se com as duas mãos, virada para o lado de fora, sendo a amplitude natural de uma oitava diatónica. Usam-se apenas os dedos intermédios, servindo os polegares para segurar o instrumento, por baixo, ficando os mínimos suspensos. Exibe, por norma, seis furos além do insuflador, todos na face superior, medindo cerca de 45 cm. No Minho, apresenta um sétimo furo, fora do alinhamento, para o polegar esquerdo. Pode ser feita de madeira de sabugueiro, de vime, ou, então, de cana.

Fonte: OLIVEIRA, Ernesto Veiga de – Instrumentos Musicais Populares Portugueses. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Museu Nacional de Etnologia, 2000.