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Barreleiro | O Branqueamento do Linho

Outubro 2018

barrela_out2018O processo de branqueamento do linho acontece em duas fases distintas: em fio e em tecido. Trata-se de uma operação mais ou menos complexa em que o linho, depois de disposto em meadas, e antes de ser dobado e tecido, é cozido em grandes potes ou no forno, após ter sido devidamente empapado numa calda de água e de cinza. Em regra, para este efeito, utiliza-se a cinza da madeira de oliveira, de vides ou de casca de pinheiro.

Este processo começa, então, com a fervura da água em grandes potes de ferro. Depois de bem embebidas na calda de água e cinza, as meadas são mergulhadas na água já fervida até encher o pote. De seguida, são adicionados pedaços de sabão, mais cinza seca e certas ervas, tais como folhas velhas de couve, flor ou folha de sabugueiro, heras e cocilhos. O linho é mantido nesta mistura com a água sempre a ferver, ficando a cozer, por vezes, durante um dia inteiro.

No período que se segue à cozedura, as meadas são retiradas dos potes, espremidas e, quando estão totalmente arrefecidas, são lavadas com sabão, “esfregando-as na pedra, metendo-lhe os braços por dentro e esticando-as, batendo-as e sacudindo-as”.

No final do processo, o linho passa por um outro método tradicional, a barrela – nome dado à mistura que resulta da passagem da água quente por cinzas de madeira num barreleiro. Este recipiente, de grandes dimensões, pode ser de cortiça, de madeira ou de cestaria. O primeiro é formado por um sector de cortiça de um grande tronco com fundo do mesmo material com furos; o segundo é composto por um tronco de madeira escavada ou, então, por aduelas de madeira firmadas por aros de metal com fundo perfurado; e o terceiro é constituído por um cesto de madeira rachada, de bordo alto e teçume muito apertado.

Para a barrela, as meadas são colocadas dentro do barreleiro e cobertas por um lençol, através do qual se “peneira” uma determinada quantidade de cinza e se verte, de seguida, água a ferver. Quando esta última sai por completo por baixo do barreleiro, espera-se que esfrie e repete-se este processo, por vezes, durante 3 dias.

Terminada esta operação, as meadas de linho são retiradas do barreleiro, lavadas e estendidas ao sol para corar por aproximadamente 8 a 15 dias. O processo de branqueamento encerra após a última lavagem e a secagem das meadas.

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Fonte: OLIVEIRA, Ernesto Veiga de, GALHANO, Fernando, PEREIRA, Benjamim, O Linho. Tecnologia Tradicional Portuguesa, Lisboa: Centro de Estudos de Etnologia – INIC, 1991.