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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Píxide

Prata dourada e relevada do Século XVIII (2.ª metade)

  • Altura: 36 cm
  • Diâmetro: 12,5 cm
  • Peso: 1679 g
  • N.º Inventário: 0448

Vaso sagrado onde se guardam as partículas consagradas para a comunhão dos fiéis, a píxide ou cibório constitui uma das mais remotas alfaias litúrgicas, tendo assumido formas variadas ao longo da História. O antigo cibório tinha a forma de um dossel ou baldaquino quase sempre encimado por cruz, colocado por cima do altar, que assentava em duas ou quatro colunas. No meio estava suspensa uma pomba côncava, em cujo interior se preservava a Sagrada Eucaristia.

Semelhantes peças começaram a rarear por volta dos séculos XII-XII, substituídas por um zimbório apoiado em quatro colunas, debaixo do qual permanecia o vaso das sagradas partículas, mas já sustentado num pé, tal como sucedia com o cálice. A essa estrutura e ao vaso foi atribuído o nome de cibório. Inicialmente coberto com um véu, o vaso incorporou mais tarde uma tampa do mesmo material, que progressivamente foi alteada e rematada com uma cruz. Os diversos modelos que foram surgindo adquiriram um formato de maiores dimensões e a tampa, por razões pragmáticas, tornou-se independente do resto do corpo, como a píxide que hoje conhecemos.

Píxide em prata dourada, com base polilobada que combina ondulações côncavas e convexas, de bordadura perlada. Apresenta pé alteado, de forma piramidal, decorado com aletas encimadas por tarjas de forma elíptica, ladeadas alternadamente por cachos de uvas e pares de espigas, símbolos eucarísticos. A haste, com o espaço entre os dois anéis lisos totalmente ocupado pelo nó em forma tronco-cónica, assume a forma de uma jarra. A copa, de forma cilíndrica, apresenta uma larga faixa central decorada com motivos fitomórficos e outros associados à simbologia cristológica: o pelicano, o cordeiro místico, a ave Fénix e a Arca da Aliança. A tampa cónica, ornamentada com concheados e motivos fitomórficos, imita a forma do pé e apresenta remate de cruz latina, com resplendor e extremidades da haste e do braço trilobadas.

O Livro de Receitas e Despesas da Ordem Terceira de São Francisco regista gastos com píxides em dois momentos distintos da segunda metade do século XVIII. O período de 1753-1754 indica despesas com um "vaso que se mandou fazer para as partículas todo de prata". Quase ao findar do século, o mesmo documento alude a gastos com um "vaso novo do sacrário que se comprou". Face às duas possibilidades em aberto, inclinámo-nos, dados os elementos estilísticos da peça, a identificar o exemplar aqui exposto com a aquisição verificada na última década de Setecentos. O Livro de Inventário só alude a um vaso de prata "moderno", existente no interior do sacrário da capela-mor, na enumeração de 1796-1797. A alusão é repetida na listagem de 1805, especificando que o vaso de prata é dourado.