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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Imaculada Conceição

Escultura de vulto em madeira dourada e policromada do Século XVII

  • Dimensões: 145 x 68 x 50 cm
  • N.º Inventário: 0044

Em termos teológicos e doutrinários, o dogma da Imaculada Conceição assevera não a virgindade de Maria, como é costume pensar-se, mas o facto de Maria ter sido concebida sem pecado. A imagem remete pois para um momento anterior à vida de Jesus Cristo, motivo pelo qual a Virgem não segura o Menino, como é tão frequente noutras invocações de Nossa Senhora. Todavia, constatamos que muitos exemplares da Virgem Imaculada existentes em templos ao culto, em coleções museológicas ou na posse de particulares surgem representados com o Menino, o que se deve indubitavelmente à ignorância do seu significado teológico, quer por parte dos imaginários, quer, muitas vezes, por parte dos comitentes que recorriam aos seus serviços.

O tema da Imaculada tornou-se familiar na arte apenas desde finais da Idade Média e através de uma manifestação simbólica e alusiva, não direta. Vulgarizaram-se então uma série de metáforas bíblicas que foram associadas à figura da Virgem Tota Pulchra, popularizadas nas litanias e que começaram a integrar a sua iconografia: o lírio, a rosa, a lua, o sol, o cedro do Líbano, o jardim fechado, a torre de David, a porta do céu, a estrela do mar, entre outros elementos. Mas o que mais contribuiu para fixar a imagem da Imaculada, já a partir do século XVI, foi a mulher apocalíptica, com a lua aos pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça, enfrentando o dragão, que na iconografia tende a ser substituído pela serpente.

Esta imagem da Imaculada corresponde, à semelhança do exemplar a que lhe sucede no catálogo, a uma produção da centúria de Seiscentos, ainda num horizonte temporal pouco influenciado pela vigência de linhas sinuosas que virá a imperar a partir de finais do mesmo século. Trata-se de uma representação de excelente qualidade no domínio do tratamento dos dourados, aliado ao aspeto curvilíneo do manto, que ajuda a anular a pose ainda relativamente hirta da Senhora. A Virgem é apresentada de pé, em posição frontal e com as mãos juntas em oração, seguindo a regra estabelecida na representação das Imaculadas. O cabelo, dividido ao meio, cai em madeixas onduladas sobre o manto, que surge debruado ao centro, de ambos os lados, com banda vertical dourada semeada com pedras incrustadas.

Na base estão concentrados os elementos distintivos da iconografia da Imaculada. A Virgem assenta em crescente lunar de pontas viradas para baixo e em três cabeças de anjo, uma delas com a face amputada. A base é constituída por um globo com diversos círculos côncavos, azulados, como se formassem crateras, à volta do qual se insinua a serpente demoníaca.