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MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

São Domingos de Gusmão

Escultura de vulto em madeira policromada do Século XVII

  • Dimensões: 114 x 56 x 40 cm
  • N.º Inventário: 0055

São Domingos, fundador da Ordem dos dominicanos, nasceu em 1170 em Calahorra, na zona de Burgos. Passou a maior parte da vida entre França e Itália, pregando a verdade da fé. Em 1216 obteve do Papa Honório III a autorização para fundar a Ordem dos Pregadores. Morreu em Bolonha, no ano de 1221, para onde se dirigira com o propósito de presidir ao Capítulo Geral da Ordem. Canonizado em 1234. A sua lenda é compósita e vai buscar episódios às vidas de São Francisco e de São Bernardo. A aparição da Virgem do Rosário ao Santo parece ter sido forjada mais tardiamente pelo dominicano bretão Alain de la Roche, nos fins do século XV, momento em que esta devoção mariana se desenvolve.

O nascimento de São Domingos é pressagiado. Sua mãe, a beata Joana, orando junto à sepultura de São Domingos de Silos, recebe deste a informação que terá um filho a que deverá chamar Domingos. Depois, em sonhos, reconhece-se a dar à luz uma pequena figura canina vestida com manto preto e branco, com uma estrela à sua frente, sustentando na boca uma tocha iluminada. A visão significava que Domingos estava destinado a ser um cão de guarda da fé ameaçada pelos movimentos heréticos que grassavam na Europa do seu tempo. Esta lenda, originada possivelmente pelo jogo de palavras sobre Dominicano (Domini Canus, o Cão do Senhor), vai encontrar reflexo na iconografia do santo e também no brasão da Ordem.

São Domingos enverga geralmente túnica branca e manto negro, indumentária adotada pela Ordem dominicana. É figurado imberbe ou barbado. Diversos atributos englobam a sua imagem. O livro e o ramo de açucenas são genéricos. Como atributos específicos pode apresentar uma estrela vermelha, um cão preto e branco com uma tocha, e, a partir do final da Idade Média, o rosário.

A presente escultura integra o retábulo da capela da Senhora do Rosário, situada na igreja do convento de Santo António. Trata-se de um exemplar de excelente fatura artística, sobretudo ao nível do tratamento do rosto, que transmite a ideia de profunda meditação. São Domingos enverga a túnica branca e o manto negro, tradução da pureza e da austeridade. Junto ao pé direito surge o proverbial cão segurando um facho na boca. A mão direita perdeu o atributo, talvez o lírio, enquanto que a direita apoia o livro aberto que os fundadores costumam apresentar, ainda que Domingos, ao contrário de São Francisco, não tenha composto uma regra para a sua Ordem, que seguiu a de Santo Agostinho.