Guarda-vento

• Dimensões: 485 x 310 x 170 cm
• N.º Inventário: 1466

Concebido para uma função pragmática de resguardo dos fiéis face aos elementos naturais, este guarda-vento, colocado à entrada do templo, não escapou, enquanto peça de mobiliário de igreja, à tentação ornamental que caracterizou a fase final do barroco. Trata-se de uma peça em madeira, recoberta com pintura a fingir o mármore numa gama de tons policromos de tal modo variada, que constitui, a este nível, o objeto mais rico do acervo da Ordem Terceira de São Francisco e um notável exemplo das tendências artísticas da época.

O guarda-vento organiza-se em dois corpos de dimensão desigual: as portadas, num nível inferior, e a cimalha, acima do entablamento, com mais destacada presença da talha relevada dourada. O registo inferior é marcado pelos batentes centrais e laterais, trabalhados em almofadas e molduras, encimadas pela caixilharia em forma de janela. Pilastras com secção superior em talha relevada fechada por concha separam os batentes centrais dos laterais. A cimalha exibe caixas com bordo dourado, ornadas com concheados e folhagens tipicamente rocaille. Ao centro, sobre o entablamento, surge uma cartela rematada por concha com a pedra de armas franciscana. A cúpula no interior do guarda-vento exibe figuras geométricas finamente policromadas.

O guarda-vento primitivo fora vendido à confraria do Senhor do Socorro da Labruja, entre 1778-1779, conforme se pode verificar no Livro de Receitas e Despesas que abarca esse período. No Livro das Determinações da Mesa, em reunião de 03 de janeiro de 1779, regista-se a apresentação do risco para o novo guarda-vento. Foi executado entre 1779-1780.

O Livro de Receitas e Despesas aponta despesas com madeiras, carretos e jornada a Braga para a obra do guarda-vento, no período de 1778-1779. No ano seguinte regista ainda despesas com ferragens e vidros.