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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

São Francisco de Assis

Escultura de vulto em madeira estofada e policromada de 1756-1761

  • Dimensões: 164 x 70 x 40 cm
  • N.º Inventário: 0001

Nascido em 1182, São Francisco converte-se, após juventude hedonista, à regra de vida evangélica. Recusa os bens paternos e transforma-se no Poverello de Assis, enveredando por uma vida de prédica e pobreza. Funda uma Ordem mendicante, destinada no futuro a uma irradiação sem precedentes na história dos movimentos religiosos, que batiza humildemente de Ordem dos Frades Menores. Os primeiros discípulos agrupam-se à volta da capela da Porciúncula, próxima de Assis. São também fundadas a Ordem das Clarissas e a Ordem Terceira, consagrada aos leigos.

Organiza, em 1223, a festa de Natal em Greccio, para comemorar a sua ida à Terra Santa, facto que inaugura a representação do Presépio. Em 1224, retira-se para a solidão do Monte Alverne onde, no dia da festa da Exaltação da Cruz, é assaltado por uma visão de um crucifixo aéreo no qual está pregado Cristo sob a aparência de um serafim de seis asas. As cinco chagas que emanam como raios de Cristo marcam o corpo do Santo sob a forma de estigmas. Vive ainda dois anos, compõe o célebre Cântico ao Irmão Sol, e morre em 1226, sendo sepultado em aura de santidade numa colina de Assis, onde hoje se eleva a Basílica de São Francisco.

Logo após a morte, a lenda invade a sua vida, que é transformada numa analogia com a de Jesus Cristo, com múltiplos episódios da vida do Santo a surgir em conformidade com episódios da vida do Salvador. O chagado de Assis torna-se um segundo Cristo, a estigmatização é considerada uma espécie de crucificação sem cruz, e o próprio brasão franciscano reflete esta correspondência. Na ausência de um retrato físico verdadeiro, foi representado quer imberbe quer barbado, prevalecendo a barba a partir do século XVI. O traje e os atributos mantiveram-se: burel cingido por cordão de três nós, crucifixo na mão e, como atributo específico, os cinco estigmas. Por vezes, é também representado com uma caveira na mão, símbolo da Irmã Morte.

A escultura de vulto aqui documentada, apresenta São Francisco de pé, em posição frontal. O capucho franciscano, não subido, cai em pirâmide invertida mas só é visível na parte traseira da imagem, que é escavada na zona inferior. O tronco e a cabeça tonsurada inclinam-se ligeiramente para a direita, conferindo um maior dinamismo à imagem. O cabelo e a barba são encaracolados, a boca entreaberta e os olhos salientes. Enverga hábito de cores acastanhadas polvilhado de ornamentação fitomórfica, debruado no limite inferior a filete dourado, cingido na cintura por duplo cordão que torce ao tombar e forma vários nós, mais do que os habituais três, que simbolizam a pobreza, a obediência e a castidade, os três votos franciscanos. Um rosário pende do cordão, rematado por uma pequena cruz latina. Na mão esquerda segura uma caveira e na direita um crucifixo, para o qual dirige o olhar. São visíveis os estigmas em ambas as mãos e também nos pés, que se apresentam descalços, sobre peanha circular marmoreada com a inscrição S. Francisco.