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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Visitação

Pintura a óleo sobre tela do Século XVII-XVIII

  • Dimensões: 168 cm x 160 cm
  • N.º Inventário: 0115

"Por aqueles dias, pôs-se Maria a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo"

(Lucas: 1, 39-41)

Esta Visitação capta, como é comum nas representações deste episódio, o instante da saudação entre Nossa Senhora e a sua prima Isabel, a mãe de São João Baptista, o Precursor. As duas personagens formam um triângulo bem delimitado no eixo da composição, em primeiro plano. Isabel está ajoelhada, de véu branco, capa em tons acastanhados, e abraça Maria que se inclina suavemente, reconhecível pelo manto azul que enverga e pelos traços fisionómicos que indiciam juventude. Na ausência de traços a indicar a santidade das personagens e a atmosfera transcendente do evento, o carácter sacro da cena é denunciado apenas no gesto de Maria e Isabel.

O lado direito da tela é ocupado pelos esposos. José segura o bordão com ambas as mãos, enquanto que Zacarias, de barba grisalha a patentear idade mais avançada, apresenta mãos sobrepostas e cruzadas sobre o manto verde, ao nível da cintura.

Nas tábuas quinhentistas que ilustram este episódio da vida da Virgem, de um modo geral procedentes de máquinas retabulares mais complexas que com o passar do tempo foram desmontadas e fragmentadas, assiste-se com maior fidelidade à récita do Evangelho. Zacarias aparece em cena, como personagem secundária, por vezes num plano bem mais afastado, mas a presença de José é ignorada. Dois exemplares da autoria do pintor Gregório Lopes, hoje nas coleções do Museu Nacional de Arte Antiga, atestam este facto. A valorização operada em torno da figura de José, após o período da Contra-Reforma católica, explica o surgimento do pai putativo de Jesus na arte pictórica maneirista e barroca.

Dado que se desconhece, por ausência de documentação, qual a origem da encomenda desta obra, não é possível identificar as duas figuras femininas que se encontram por trás de Maria, no lado esquerdo do quadro, uma de perfil, apontando com o braço direito, outra olhando de frente. O mais provável é que se trate de um mero recurso para equilibrar a composição. Existem no espólio do Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, duas telas de feição muito semelhante a esta, uma com datas limites entre 1676-1700 e outra datada de 1733-1734. O número de personagens e o esquema compositivo são os mesmos, apresentando apenas a pequena variante de José e Zacarias também executarem um movimento de saudação. Tal facto sugere a existência de fontes comuns para a representação destas Visitações, possivelmente gravuras que circulavam na época.