Custódia

• Altura: 71,2 cm
• Largura: 24,5 cm
• Peso: 3483 g
• N.º Inventário: 0449

Reserva onde se expõe o Santíssimo Sacramento à adoração dos fiéis, a custódia ou ostensório constitui um dos vasos sagrados de história mais recente. Surgiu somente no século XIII. Até aí, a hóstia encontrava-se guardada na píxide e só era exposta duas vezes, no momento da elevação e na comunhão dos fiéis. Com a oficialização da festa do Corpo de Deus, universalmente solenizada com a procissão a partir do século XIV, houve necessidade de criar uma nova alfaia que permitisse uma exibição solene da Sagrada Eucaristia. Posteriormente, e sobretudo após o Concílio Tridentino, com o propósito de incentivar a crença na presença real de Cristo na Eucaristia, a Igreja alargou a exposição do Santíssimo a uma grande parte das festas solenes.

A devoção das Quarenta Horas, prática de adoração do Santíssimo surgida na primeira metade do século XVI e oficialmente estabelecida nos finais da mesma centúria, fixada pelos jesuítas e oratorianos nos dias que antecediam a quarta-feira de cinzas, teve grande acolhimento entre as confrarias e sabe-se que a Ordem Terceira de São Francisco de Ponte de Lima também solenizava esta prática devota. Espelho das manifestações de piedade no tempo da Contra-Reforma e do barroco, os próprios retábulos passaram a incorporar o trono eucarístico, onde a custódia era exibida com toda a pompa à contemplação dos crentes.

Custódia em prata proveniente da capela da Senhora da Guia (Ponte de Lima), de base octogonal, alteada em dois registos. O primeiro é ornado com cercadura de ovados num nível inferior e por folhagem acântica num nível superior. O segundo registo, em forma de coroa, é povoado por cabeças de anjos e motivos fitomórficos, alternadamente. A partir daqui arranca a haste, cilíndrica, preenchida por duas figuras angélicas de corpo inteiro com braços cruzados, sobrepujadas por anel ladeado por aletas, sobre o qual avança uma estrutura em forma de pirâmide invertida, com uma cabeça de anjo inscrita no centro, ao lado da qual pendem dois tintinábulos. A câmara circular envidraçada, que contém lúnula prateada em forma de crescente com cabeça de querubim, é orlada por enrolamentos vegetalistas. O resplendor apresenta alternadamente raios lisos e contorcidos de diferentes tamanhos. Acima do resplendor, uma nova estrutura com cabeça de anjo, em cujas extremidades pende um pingente de vidro, serve de base a uma coroa que termina em cruz.