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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Cálice

Prata relevada (copa dourada) de 1750-1810

  • Altura: 26,8 cm
  • Diâmetro: 12,5 cm
  • Peso: 801 g
  • N.º Inventário: 0450

Considerado o primeiro dos vasos sagrados, cujo uso remonta à instituição da Eucaristia, é através dele que se procede, no sacrifício da missa, à consagração do vinho, que, em virtude das palavras pronunciadas pelo sacerdote, se converte no sangue de Jesus Cristo. Geralmente grava-se uma cruz no pé do cálice para o oficiante saber por que lado deve empunhá-lo a fim de tomar o vinho.

Embora os documentos históricos e alguns exemplares que chegaram até nós testemunhem uma grande variedade de materiais usados na execução destas alfaias, desde as pedras preciosas ao vidro, sem esquecer a madeira, a Igreja acabou por impor a prata como material a utilizar, frisando a necessidade de o interior da copa ser dourado.

Inserido indubitavelmente na tipologia formal dos séculos XVIII-XIX, este cálice deverá situar-se cronologicamente entre meados de Setecentos e a primeira década de Oitocentos. O arquivo da Ordem Terceira de São Francisco documenta uma reunião da Mesa, em 09 de novembro de 1749, na qual se determina a aquisição de um cálice. A aquisição e respetivo pagamento estão confirmados no Livro de Receitas e Despesas que, relativamente ao período de 1749-1750, anota uma despesa de dezasseis mil e oitocentos e vinte reis com um cálice. O período de 1753-1754 regista nova despesa com um cálice, no valor de quinze mil e quatrocentos reis, facto que se repete nos anos de 1810-1811. Perante as lacunas documentais, que omitem as referências relativas às características dos cálices que permitam traçar uma correspondência com o exemplar aqui fotografado, não é possível datá-lo senão aproximadamente.

Cálice de prata relevada, com base irregular de friso liso, cruzando a forma quadrilobada com um esquema trilateral. A base é alteada através de uma estrutura piramidal ornamentada que intercala motivos fito-geométricos com elementos inscritos em moldura oval, associados à Paixão: o chicote, a coluna e a Santa Face. Três anéis marcam o início da haste em forma de balaústre. O nó exibe cabeças de serafins em todos os vértices, em alternância com iconografia alusiva à Crucificação: as escadas, o martelo e a lança. A secção superior da haste, trabalhada com volutas, faz a ligação à copa em forma de campânula invertida, que exibe, na parte inferior trabalhada, medalhões em relevo onde estão gravados outros símbolos da Paixão: a lanterna, a inscrição INRI, a coroa de espinhos, os dados, a tenaz, o galo, a cruz e os três cravos. A copa é lisa e dourada na secção superior.