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museus de Ponte de Lima

MUTE_2Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Museu dos Terceiros_Miguel Costa

Cadeiral

Castanho e talha dourada de 1819-1820

  • Diâmetro: 378 x 766 x 90 cm
  • N.º Inventário: 1716

Este cadeiral de estilo neoclássico, com credências acopladas, que recheia o presbitério da igreja da Ordem Terceira de São Francisco, destinado a assento dos mesários durante a celebração da missa, tem sido datado dos primeiros anos do século XIX (1800-1802) e atribuído a Luiz Chiari, multifacetado artista italiano ativo em Portugal entre os finais de Setecentos a e as primeiras décadas de Oitocentos, com trabalho documentado no domínio do mobiliário, da cenografia e da arquitetura. Tal facto deve-se a opinião veiculada por Robert Smith, que terá deparado com uma ordem de pagamento relativa ao transporte de bancos em 1801-1802, associando-a ao cadeiral.

A atribuição da autoria prende-se com as similitudes estruturais e ornamentais que o historiador americano detetou entre este cadeiral e o existente na capela-mor da Ordem Terceira de São Francisco do Porto, que a documentação prova serem da lavra de Chiari e remontarem aos anos de 1798-1799, bem como com o que decora a cabeceira da igreja do antigo mosteiro de Santa Marinha da Costa, da Ordem hieronimita, situado nos arrabaldes de Guimarães, este último de figurino ainda mais próximo do cadeiral limiano.

A documentação de arquivo conhecida da Ordem Terceira de Ponte de Lima não autoriza, porém, uma ligação direta do cadeiral a Luís Chiari e aos primeiros anos de Oitocentos. O Livro das Determinações da Mesa não refere nada a este propósito nos anos relativos a 1801-1802. Avançando no tempo, encontramos, todavia, uma menção que nos parece bastante conclusiva. Numa reunião de 03 de janeiro de 1819 regista-se, entre várias deliberações da Mesa, que "...Mais se determinou que tendo esta Ordem comodidade se fizesse uma bancada na capela mor, com decência para se sentarem os irmãos da Mesa, nas suas funções..."

Tal determinação faz supor que a execução do cadeiral não será anterior à década de Vinte. O Livro da Inventa, terminado em 1814, acaba por reforçar a hipótese, dado que, na listagem do património localizado na capela-mor, nunca ocorre qualquer referência a cadeiral ou bancada.

O cadeiral dispõe-se em duas alas fronteiras e simétricas, adossadas às paredes da capela mor da igreja da Ordem Terceira de São Francisco, num total de doze assentos, interrompidos por um espaço central aberto destinado a porta, e com credência acoplada em ambas as alas, próximas do altar. Estrutura-se em dois níveis e ostenta ornamentação dourada em relevo pouco profundo. O nível inferior é constituído pelo estrado, pelos assentos e pelos espaldares separados por volutas. Os espaldares do nível inferior apresentam coroas elípticas de orientação vertical, centradas por cantos em ângulo, nas quais estão inseridas tarjas com inscrições que identificam os diversos lugares dos mesários. A demarcá-lo do nível superior surge um friso preenchido por conjuntos de três discos com rosetas, unidos por elos. O nível superior é formado por alto espaldar, que exibe arabescos, com ramos, enrolamentos de folhagens e vasos floridos, motivos emoldurados por enfiamentos de contas retangulares. Pilastras encimadas por capitéis servem de divisórias, terminando num entablamento formado por friso com motivos enlaçados e cornija denticulada. O cadeiral é coroado por uma série de arranjos florais de vulto pleno em talha dourada, alternando em duas tipologias distintas.